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Você se cobra o tempo todo.
Nada do que faz parece “bom o bastante”.
Quando acerta, sente alívio — não prazer.
E quando erra, sente culpa, vergonha e a sensação de ser um fracasso.

Se isso soa familiar, o problema não é a busca por excelência.
É o perfeccionismo — o vício de tentar merecer valor através do desempenho.

O Que o Perfeccionista Não Percebe

Por trás da aparente “alta performance”, o perfeccionista vive em estado de ameaça constante.
A mente repete:

“Se eu errar, perco amor, respeito, admiração.”

Isso ativa o mesmo sistema neurobiológico da resposta ao perigo — a amígdala cerebral entra em alerta.
O corpo reage como se um predador estivesse por perto: coração acelerado, respiração curta, tensão muscular.
Não é motivação. É medo.

O Mito da Excelência

Culturalmente, fomos ensinados a confundir excelência com perfeição.
Mas há uma diferença crucial:

O perfeccionista não busca crescer — busca não ser criticado.
E esse é o ponto onde o desempenho deixa de ser saudável e se torna autodestrutivo.

As Origens da Autocrítica

A autocrítica nasce do aprendizado social.
Crianças que crescem em ambientes onde amor e reconhecimento dependem de desempenho aprendem a condicionar o próprio valor a resultados.
Elas internalizam a voz crítica dos adultos, transformando-a em um narrador interno punitivo.
Na vida adulta, essa voz assume o comando, sabotando cada conquista com frases como:

“Você só conseguiu porque teve sorte.”
“Você podia ter feito melhor.”
“Os outros vão perceber que você não é tão bom assim.”

Esse é o Síndrome do Impostor em ação — um subproduto do perfeccionismo crônico.

Como o Cérebro Mantém o Ciclo

O perfeccionista sente ansiedade → trabalha compulsivamente → obtém alívio → o cérebro registra “trabalhar demais reduz ansiedade” → reforça o comportamento.
Mas o alívio dura pouco, e o ciclo recomeça.

É um condicionamento operante clássico: alívio reforça excesso.
A mente fica viciada em evitar erro, e o corpo, exausto de tentar não falhar.

Como Romper o Ciclo: 5 Estratégias Comportamentais

  1. Troque “Perfeito” por “Suficiente”:
    Pergunte-se: “O que é suficiente para cumprir o propósito disso?” — e pare ali.
  2. Aceite a Falha como Parte da Função:
    O erro é dado de feedback, não de valor pessoal. Ele mostra onde ajustar, não onde desistir.
  3. Desafie o Pensamento Crítico:
    Quando ouvir a voz interna dizendo “não é bom o bastante”, pergunte: “Comparado com o quê?”
  4. Reforce o Esforço, Não o Resultado:
    Comemore o comportamento consistente, não apenas o desempenho impecável.
  5. Exercite a Autocompaixão:
    Autocompaixão não é “passar pano” — é reconhecer que sofrimento faz parte do humano, e que ninguém melhora se odiando.

O Valor Não Está no Desempenho

O perfeccionista não precisa de mais disciplina — precisa de mais aceitação.
Porque enquanto o valor estiver atrelado ao sucesso, cada erro será uma ameaça existencial.

Você não precisa provar que é bom.
Precisa apenas entender que ser humano já é bom o suficiente.

Psicólogo Analista Comportamental – Eduardo Muniz (CRP 21/06034)

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E me conte nos comentários: em que área da sua vida o perfeccionismo mais te prende hoje?

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